Deus, o Filho Eterno, encarnou-se como Jesus Cristo. Por meio
dele foram criadas todas as coisas, é revelado o caráter de Deus,
efetuada a salvação da humanidade e julgado o mundo. Sendo
para sempre verdadeiramente Deus, Ele se tornou também
verdadeiramente humano, Jesus, o Cristo.
Foi concebido do
Espírito Santo e nasceu da virgem Maria. Viveu e experimentou a
tentação como ser humano, mas exemplificou perfeitamente a
justiça e o amor de Deus. Por seus milagres manifestou o poder de
Deus e atestou que era o Messias prometido por Deus.
Sofreu e
morreu voluntariamente na cruz por nossos pecados e em nosso
lugar, foi ressuscitado dentre os mortos e ascendeu ao Céu para
ministrar no santuário celestial em nosso favor. Virá outra vez, em
glória, para o livramento final de seu povo e a restauração de todas
as coisas.
O deserto se convertera em um verdadeiro pesadelo de víboras ardentes. As
serpentes se enroscavam debaixo das panelas, enrodilhavam-se nas
estacas das tendas. Esgueiravam-se por entre os brinquedos das crianças e
aguardavam quietamente entre as esteiras de dormir. Suas presas se
enterravam profundamente na carne das pessoas, injetando veneno mortal.
O deserto, que em ocasião anterior havia sido o refúgio de Israel, tornara-se
agora a sepultura do povo. Centenas jaziam mortos. Percebendo a sorte que
os aguardava, pais aterrorizados correram à tenda de Moisés, suplicando
auxílio. “Moisés orou pelo povo” (Nm 21:7).
Qual foi a resposta de Deus? Modele uma serpente metálica e pendure-a
bem alto – de modo que possa sobreviver todo aquele que a contemplar. “Fez
Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém
mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava” (Nm 21:9).
A serpente sempre simbolizou a Satanás (Gn 3; Ap 12) e o pecado. O
acampamento havia caído nas garras de Satanás. Qual foi o remédio de Deus?
Não ordenou que se olhasse para um cordeiro ou para o altar do santuário, e
sim para uma serpente de bronze.
Aquele era um estranho símbolo para Cristo. Da mesma forma que a
semelhança de serpente deveria ser erguida em uma haste, Jesus, feito
“semelhança de carne pecaminosa” (Rm 8:3), deveria ser pendurado em uma
vergonhosa cruz (Jo 3:14, 15). Ele se tornou pecado, assumindo sobre Si os
pecados de todos aqueles que existiam ou ainda viriam a existir. “Aquele que
não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos
feitos justiça de Deus” (2Co 5:21). Contemplando a Cristo, a desesperançada
humanidade pode encontrar vida.
De que modo poderia a encarnação trazer salvação à humanidade? Que
efeitos teve ela sobre o Filho? De que forma poderia Deus se tornar humano e
por que isso se fazia necessário?
A encarnação: profecias e cumprimento
O plano de Deus para resgatar aqueles que se haviam desviado de seu
conselho plenamente sábio (Jo 3:16; 1Jo 4:9) demonstrou convincentemente
seu amor. De acordo com esse plano, Seu Filho foi determinado, “antes da
fundação do mundo”, como o sacrifício pelo pecado e a esperança da caída
raça humana (1Pe 1:19, 20). Ele recebeu a incumbência de nos trazer de volta
a Deus e de providenciar libertação do pecado pela destruição das obras do
mal (1Pe 3:18; Mt 1:21; 1Jo 3:8).
O pecado apartara Adão e Eva da fonte de vida e deveria ter causado sua
morte imediata. Contudo, de acordo com o plano estabelecido antes da
fundação do mundo (1Pe 1:20, 21), o “conselho de paz” (Zc 6:13), Deus
Filho se colocou entre o casal pecador e a justiça divina, estabelecendo uma
ponte sobre o abismo e restringindo a morte. Mesmo antes da cruz, portanto,
a graça manteve vivos os pecadores e lhes assegurou a salvação. Entretanto,
para que pudesse nos restaurar plenamente à condição de filhos e filhas de
Deus, era necessário que Ele se fizesse humano.
Imediatamente após o pecado de Adão e Eva, Deus lhes ofereceu esperança
ao lhes prometer que estabeleceria uma imensa inimizade entre a serpente e a
mulher, entre a semente desta e a descendência daquela. Na enigmática
declaração de Gênesis 3:15, a serpente e sua descendência representam Satanás e seus seguidores; a mulher e sua semente simbolizam o povo de
Deus e o salvador do mundo. Essa afirmação foi a primeira certeza de que a
controvérsia entre o bem e o mal terminaria mediante a vitória do Filho de
Deus.
Entretanto, a vitória seria obtida à custa de dor: “Este [o Salvador] te ferirá
a cabeça [de Satanás], e tu [Satanás] lhe ferirás [do Salvador] o calcanhar”
(Gn 3:15). Nenhuma das partes escaparia ilesa.
A partir daquele momento, a humanidade passou a esperar o Prometido. O
Antigo Testamento descortina essa espera. As profecias antecipavam que, ao
chegar o cumprimento da promessa, o mundo haveria de receber evidências
confirmatórias de sua identidade.
Dramatização profética da salvação. Após o surgimento do pecado, Deus
instituiu na Terra sacrifícios animais com o objetivo de ilustrar a missão do
Salvador vindouro (Gn 4:4). Esse sistema simbólico dramatizava a maneira
pela qual o Filho de Deus haveria de erradicar o pecado.
Em virtude do pecado – a transgressão da lei de Deus – a humanidade
defrontou-se com a morte (Gn 2:17; 3:19; 1Jo 3:4; Rm 6:23). A lei divina
demandava a vida do transgressor. Mas em seu amor infinito Deus ofereceu o
Seu Filho, “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (Jo 3:16). Que incompreensível ato de condescendência! Deus, o
Filho eterno, dispõe-se a pagar vicariamente a penalidade do pecado, de
forma a poder nos prover o perdão e a reconciliação junto à Divindade.
Depois da saída dos israelitas do Egito, o sistema sacrifical passou a ser
conduzido em um tabernáculo, como parte do relacionamento de concerto
estabelecido entre Deus e seu povo. Construído por Moisés de acordo com o
modelo celestial, o santuário e seus serviços foram instituídos com o objetivo
de ilustrar o plano da salvação (Êx 25:8, 9, 40; Hb 8:1-5).
A fim de obter o perdão, o pecador arrependido deveria trazer um animal
sacrifical sem qualquer defeito – representação da ausência de pecado no
Salvador prometido. O pecador deveria colocar então as mãos sobre a cabeça
do inocente animal e confessar, nessa posição, os seus pecados (Lv 1:3, 4).
Esse ato simbolizava a transferência dos pecados, do pecador culposo para a
vítima inocente, denotando claramente a natureza substitutiva do sacrifício.
Uma vez que “sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9:22),
no passo seguinte o pecador sacrificava o animal, tornando assim evidente a
natureza mortal do pecado. Tratava-se de uma forma pesarosa de expressar esperança, mas este era o único caminho pelo qual o pecador podia expressar
sua fé.
Depois da ministração sacerdotal (Lv 4-7), o pecador recebia o perdão dos
pecados por intermédio da fé manifestada no sacrifício substitutivo que a
morte do vindouro Salvador representaria, ela que era simbolizada pelo
animal oferecido em sacrifício (cf. Lv 4:26, 31, 35). O Novo Testamento
reconhece a Jesus Cristo, o Filho de Deus, como o “Cordeiro de Deus, que
tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Por seu “precioso sangue, como de
cordeiro sem defeito e sem mácula” (1Pe 1:19), Ele obteve para a raça
humana a redenção da penalidade última do pecado.
Predições concernentes ao Salvador. Deus prometera que o Salvador-Messias –
o Ungido – viria da linhagem de Abraão: “Multiplicarei a tua descendência
[...] serão benditas todas as nações da terra” (Gn 22:17, 18; cf. 12:3).
Isaías profetizara que o Salvador vindouro nasceria como criança do sexo
masculino, e teria em si tanto a natureza divina quanto a humana: “Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus
ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9:6). Esse Redentor haveria de ocupar o
trono de Davi e estabelecer um sempiterno governo de paz (Is 9:7). Belém
Efrata seria o local de seu nascimento (Mq 5:2).
O nascimento desse ser divino-humano seria sobrenatural. Citando Isaías
7:14, o Novo Testamento declara: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz
um filho, e Ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus
conosco)” (Mt 1:23).
A missão do Salvador acha-se expressa nas seguintes palavras: “O Espírito
do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar
boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração,
a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a
apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a
consolar todos os que choram” (Is 61:1, 2; cf. Lc 4:18, 19).
O mais espantoso é que o Messias sofreria rejeição. Ele seria percebido
como uma “raiz fora da terra seca”. “Não tinha aparência nem formosura;
olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o
mais rejeitado entre os homens [...] e dele não fizemos caso” (Is 53:2, 3).
Um de seus mais íntimos amigos haveria de traí-lo (Sl 41:9) em troca de
trinta peças de prata (Zc 11:12). Durante o julgamento Ele seria cuspido e açoitado (Is 50:6). Seus executores lançariam sortes sobre as suas roupas (Sl
22:18). Nenhum de seus ossos deveria ser quebrado (Sl 34:20), mas seu
flanco seria perfurado (Zc 12:10). Durante os maus-tratos, Ele não oporia
resistência, antes “como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha
muda perante os seus tosquiadores, Ele não abriu a boca” (Is 53:7).
O inocente Salvador sofreria imensamente pelos pecadores. “Certamente,
Ele tomou sobre si as nossas enfermidades. [...] Ele foi traspassado pelas
nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz
a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. [...] O SENHOR
fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos. [...] Porquanto foi cortado da
terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi Ele ferido” (Is
53:4-6, 8).
O Salvador identificado. Somente Jesus Cristo cumpriu todas essas profecias.
As Escrituras traçam sua genealogia desde Abraão, chamando-o de “filho de
Abraão” (Mt 1:1); Paulo, por sua vez, afirma que as promessas feitas a
Abraão e sua semente se cumpriram em Cristo (Gl 3:16). O título messiânico
“Filho de Davi” foi largamente aplicado a Ele (Mt 21:9). Ele foi identificado
como o Messias prometido, o qual deveria ocupar o trono de Davi (At 2:29,
30).
O nascimento de Jesus foi miraculoso. A virgem Maria “achou-se grávida
pelo Espírito Santo” (Mt 1:18-23). Um decreto romano trouxe-a a Belém, o
lugar em que, segundo a profecia, deveria nascer o Menino (Lc 2:4-7).
Um dos nomes de Jesus foi Emanuel, ou “Deus conosco”, o qual reflete sua
natureza divino-humana e ilustra a identificação de Deus com a humanidade
(Mt 1:23). Seu nome comum – Jesus – refletia sua missão salvadora: “E lhe
porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt
1:21).
Jesus identificou sua missão com aquela do Messias prometido, de acordo
com Isaías 61:1 e 2: “Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lc
4:17-21).
Embora Ele causasse grande impacto sobre seu próprio povo, de modo
geral, sua mensagem foi rejeitada (Jo 1:11; Lc 23:18). Com poucasexceções,
Ele não foi reconhecido como o Salvador do mundo. Em vez de aceitação,
conseguiu para si ameaças de morte (Jo 5:16; 7:19; 11:53).
Na porção final dos três anos e meio do ministério de Cristo, Judas
Iscariotes, um de seus discípulos, o traiu (Jo 13:18; 18:2) em troca de trinta peças de prata (Mt 26:14, 15). Em vez de oferecer resistência, Ele repreendeu
seus demais discípulos que tentaram defendê-lo (Jo 18:4-11).
Embora fosse inocente em relação a qualquer crime, menos de vinte e
quatro horas depois de ter sido aprisionado, Ele já havia suportado açoites,
cusparadas, havia enfrentado o julgamento, sido condenado à morte e
crucificado (Mt 26:67; Jo 19:1-16; Lc 23:14, 15). Soldados disputaram sas
vestes (Jo 19:23, 24). Durante a crucifixão, nenhum de seus ossos foi
quebrado (Jo 19:32, 33, 36), e, após sua morte, os soldados lhe perfuraram o
flanco com uma lança (Jo 19:34, 37).
Os seguidores de Cristo reconheceram sua morte como sendo o único
sacrifício capaz de salvar os pecadores. “Deus prova o seu próprio amor para
conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”
(Rm 5:8). O apóstolo prosseguiu: “Andai em amor, como também Cristo nos
amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em
aroma suave” (Ef 5:2).
A ocasião de seu ministério e morte. A Bíblia revela que Deus enviou seu Filho
ao mundo na “plenitude dos tempos” (Gl 4:4). Ao começar seu ministério,
Cristo proclamou: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo”
(Mc 1:15). Essas referências ao tempo indicam que a missão do Salvador
transcorreu em harmonia com um cuidadoso planejamento profético.
Mais de cinco séculos antes, por intermédio do profeta Daniel, Deus havia
profetizado o tempo exato do início do ministério de Cristo e a ocasião de sua
morte.
1
Próximo ao final dos setenta anos de cativeiro israelita em Babilônia, Deus
explicou a Daniel que Ele designara aos judeus e à cidade de Jerusalém um
tempo probatório de setenta semanas.
Durante esse tempo, por meio de arrependimento e preparação para a vinda
do Messias, a nação judaica deveria cumprir os propósitos que Deus para ela
estabelecera.
Daniel escreveu também a respeito da expiação da “iniquidade” e de trazer
a “justiça eterna”, como sendo sinais distintivos desse período. Essas
atividades messiânicas indicam que o Salvador deveria aparecer durante esse
período (Dn 9:24).
A profecia de Daniel especificava que o Messias apareceria “sete semanas e
sessenta e duas semanas” – ou seja, um total de sessenta e nove semanas –
“desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém” (Dn 9:25).
Depois da sexagésima-nona semana, o Messias seria “morto [...] e já não
estará” (Dn 9:26) – o que representa uma referência à sua morte vicária. Ele
deveria morrer no meio da septuagésima semana, fazendo “cessar o sacrifício
e a oferta de manjares” (Dn 9:27).
A chave para a compreensão do tempo profético reside no princípio bíblico
de que, em profecia, um dia equivale a um ano solar literal (Nm 14:34; Ez
4:6).
2 De acordo com o princípio do dia-ano, as setenta semanas (ou 490
dias proféticos) representam, portanto, 490 anos literais.
A chave para a compreensão do tempo profético reside no princípio bíblico
de que, em profecia, um dia equivale a um ano solar literal (Nm 14:34; Ez
4:6).
2 De acordo com o princípio do dia-ano, as setenta semanas (ou 490
dias proféticos) representam, portanto, 490 anos literais.
Daniel declara que esse período deveria iniciar com a “ordem para restaurar
e para edificar Jerusalém” (Dn 9:25). Tal decreto, que concedia autonomia
plena aos judeus, foi emitido no sétimo ano de Artaxerxes, o rei persa, e se
tornou efetivo no outono do ano 457 a.C. (Ed 7:8, 12-26; 9:9).
3
De acordo
com a profecia, 483 anos (69 semanas proféticas) após o decreto, deveria
aparecer o “Ungido, [...] o Príncipe”. Quatrocentos e oitenta e três anos após
o decreto emitido em 457 a.C. – ou seja, no outono do ano 27 d.C. – Jesus foi
batizado e iniciou seu ministério público.
4 Ao aceitar essas datas de 457 a.C.
e 27 d.C., Gleason Archer comenta que esta foi “a mais notável exatidão no
cumprimento de profecias tão antigas. Somente Deus poderia predizer a
vinda de seu Filho com tão admirável precisão; ela desafia toda e qualquer
explanação racionalista”.
Durante seu batismo no rio Jordão, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo e
recebeu de Deus o reconhecimento como o “Messias” (hebraico) ou como
“Cristo” (grego) – ambos representando o mesmo significado: o “Ungido”
(Lc 3:21, 22; At 10:38; Jo 1:41). A proclamação de Jesus: “O tempo está
cumprido” (Mc 1:15), refere-se ao cumprimento do aspecto tempo envolvido
na profecia.
Na metade da septuagésima semana, ou seja, na primavera do ano 31 d.C. –
exatamente três anos e meio após seu batismo –, o Messias fez cessar o sistema de sacrifícios ao oferecer sua própria vida. No momento de sua
morte, o véu do templo foi miraculosamente rasgado “em duas partes de alto
a baixo” (Mt 27:51), indicando com isso a divina abolição de todos os
serviços do templo.
Todos os sacrifícios e ofertas haviam apontado para o futuro, em direção ao
todo-suficiente sacrifício do Messias. Quando Jesus Cristo, o verdadeiro
Cordeiro de Deus, foi sacrificado no Calvário como resgate de nossos
pecados (1Pe 1:19), o tipo encontrou o antítipo e a sombra se converteu em
realidade. Os serviços do santuário terrestre não mais se faziam necessários.
No tempo exato indicado pela profecia, durante o festival da Páscoa, Ele
morreu. Paulo afirma: “Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado” (1Co
5:7). Essa profecia de caráter cronológico, cumprida com extraordinária
precisão, representa uma das mais fortes evidências da verdade histórica
fundamental de que Jesus Cristo é o longamente prometido Salvador do
mundo.
A ressurreição do Salvador. A Bíblia predissera não apenas a morte do
Salvador, como também sua ressurreição. Davi profetizou que seu corpo não
seria deixado na morte e nem mesmo experimentaria corrupção (At 2:31; cf.
Sl 16:10). Embora Cristo tenha antes ressuscitado outros da morte (Mc 5:35-
42; Lc 7:11-17; Jo 11), sua própria ressurreição demonstrou o poder
subjacente à sua pretensão de ser o salvador do mundo: “Eu sou a
ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o
que vive e crê em mim não morrerá, eternamente” (Jo 11:25, 26).
Depois da própria ressurreição, Cristo proclamou: “Não temas; Eu sou o
primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo
pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1:17,
18).
As duas naturezas de Jesus Cristo
Ao declarar: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1:14), o
apóstolo estabelece uma profunda verdade. A encarnação de Deus Filho é um
mistério. A Escritura identifica esse ato de Deus se manifestar em carne como
o “mistério da piedade” (1Tm 3:16).
O Criador dos mundos, aquele em quem habita a plenitude da Divindade,
veio a se tornar um indefeso bebê na manjedoura. Infinitamente superior a
qualquer dos anjos, igual ao Pai em dignidade e glória, e ainda assim, Ele
condescendeu em vestir a roupagem da humanidade!
O ser humano mal consegue abarcar o significado desse sagrado mistério;
depois disso, tão somente lhe resta pedir a iluminação do Espírito Santo. Na
tentativa de compreender a encarnação, bom é lembrar que “as coisas
encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus; porém as reveladas nos
pertencem, a nós e a nossos filhos” (Dt 29:29).
Jesus Cristo é verdadeiramente Deus. Quais as evidências de que Jesus Cristo é
divino? De que forma Ele se via a si próprio? Porventura as pessoas
reconheceram a sua divindade?
1. Seus atributos divinos. Cristo possui atributos divinos. Ele é onipotente. Ele
afirmou que o Pai lhe concedera “toda a autoridade [...] no céu e na terra” (Mt
28:18; cf. Jo 17:2).
Ele é onisciente. Nele, diz Paulo, “todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento estão ocultos” (Cl 2:3).
Jesus testificou de sua onipresença com a afirmação: “Eis que estou
convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mt 28:20); ou, ainda,
com esta: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no
meio deles” (Mt 18:20).
Embora sua divindade possuísse a natural capacidade da onipresença, o
encarnado Cristo voluntariamente limitou-se a si próprio nesse aspecto. Ele
decidiu se fazer onipresente por meio do ministério do Santo Espírito (Jo
14:16-18).
O livro aos Hebreus atesta de sua imutabilidade, ao declarar: “Jesus Cristo,
ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” (Hb 13:8).
Sua existência própria se tornou evidente quando Ele declarou possuir vida
em si mesmo (Jo 5:26); e João testificou: “A vida estava nele e a vida era a
luz dos homens” (Jo 1:4). A taxativa afirmação de Cristo: “Eu sou a
ressurreição e a vida” (Jo 11:25), deixa claro que nele a vida é “original, não
emprestada, não derivada.
Santidade constitui parte de sua natureza. Durante a anunciação, o anjo
disse a Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te
envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer
será chamado Filho de Deus” (Lc 1:35). À vista da presença de Cristo, os
demônios clamavam: “Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para
perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus!” (Mc 1:24).
Ele é amor. João escreveu: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós” (1Jo 3:16).
Ele é eterno. Isaías o identificou como o “Pai da Eternidade” (Is 9:6).
Miqueias referiu-se a Ele como aquele “cujas origens são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5:2). Paulo situa a sua existência
como sendo “antes de todas as coisas” (Cl 1:17) e João declara: “Ele estava
no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e,
sem Ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1:2, 3).
7
2. Seus poderes divinos e prerrogativas. As obras de Deus são atribuídas a
Jesus. Ele é identificado tanto como criador (Jo 1:3; Cl 1:16) quanto como
sustentador – “nele, tudo subsiste” (Cl 1:17; Hb 1:3). Ele é capaz de
ressuscitar os mortos com sua voz (Jo 5:28, 29)e julgará o mundo no final de
todas as coisas (Mt 25:31, 32). Ele perdoou pecados (Mt 9:6; Mc 2:5-7).
3. Seus nomes divinos. Seus nomes revelam sua natureza divina. Emanuel
significa “Deus conosco” (Mt 1:23). Tanto os crentes quanto os demônios se
dirigiram a Ele como o Filho de Deus(Mc 1:1; Mt 8:29; cf. Mc 5:7). O
sagrado nome divino do Antigo Testamento, Jeová ou Yahweh, é aplicado a
Jesus. Mateus utilizou as palavras de Isaías 40:3: “Preparai o caminho do
SENHOR”, a fim de descrever a obra preparatória para a missão de Cristo (Mt
3:3). E João identificou Jesus com o Senhor dos exércitos assentado em seu
trono (Is 6:1, 3; Jo 12:41).
4. Seu reconhecimento divino. João retratou a Jesus como o divino Verbo que
“Se fez carne” (Jo 1:1, 14). Tomé reconheceu o ressurreto Cristo como
“Senhor meu e Deus meu” (Jo 20:28). Paulo se referiu a Ele como aquele que
“é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre” (Rm 9:5); o livro de
Hebreus o identifica como Deus e Senhor da criação (Hb 1:8, 10).
5. Seu testemunho pessoal. O próprio Jesus afirmou sua igualdade com Deus.
Identificou-se a si próprio como o “EU SOU” (Jo 8:58), o Deus do Antigo
Testamento. Ele se dirigiu a Deus como “meu Pai” (Jo 20:17) em vez de
“nosso Pai”. Em sua declaração: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30), Ele deixa
claro que era “um em substância” com o Pai, “possuindo os mesmos
atributos.”
6. Subentendida sua igualdade com Deus. Sua igualdade com Deus Pai acha-se
subentendida na fórmula batismal (Mt 28:19), na bênção apostólica plena
(2Co 13:13), em seus conselhos de despedida (Jo 14-16) e na exposição feita
por Paulo no tocante aos dons espirituais (1Co 12:4-6). As Escrituras
descrevem a Jesus como o resplendor da glória de Deus “e a expressão exata do seu Ser” (Hb 1:3). Quando solicitado a revelar a Deus Pai, Jesus replicou:
“Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14:9).
7. Ele é adorado como Deus. As pessoas o adoraram (Mt 28:17; cf. Lc 14:33);
“todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1:6). Paulo escreveu: “Para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e
toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor” (Fp 2:10, 11). Várias
bênçãos atribuem a Cristo a “glória para todo o sempre” (Hb 13:21; cf. 2Tm
4:18; 2Pe 3:18).
8. Sua natureza divina – uma necessidade. Cristo reconciliou a humanidade com
Deus. As pessoas necessitavam de uma perfeita revelação do caráter de Deus,
de modo a poderem desenvolver relacionamento pessoal com Ele. Cristo
preencheu essa necessidade mediante a exposição que fez da glória de Deus
(Jo 1:14). “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do
Pai, é quem o revelou” (Jo 1:18; cf. 17:6). Jesus testificou: “Quem me vê a
mim vê o Pai” (Jo 14:9).
Dependendo totalmente do Pai (Jo 5:30), Jesus utilizou poder divino para
revelar o amor de Deus. Pelo poder divino, revelou-se a si próprio como o
amorável Salvador enviado pelo Pai a fim de curar, restaurar e perdoar
pecados (Lc 6:19; Jo 2:11; 5:1-15, 36; 11:41-45; 14:11; 8:3-11). Jamais,
entretanto, Ele executou um milagre a fim de poupar-se a qualquer sacrifício
pessoal e dos sofrimentos que as demais pessoas teriam experimentado em
semelhantes situações.
Jesus Cristo é “um em natureza, caráter, propósito” com Deus Pai.
10 Ele é
verdadeiramente Deus.
Jesus Cristo é verdadeiramente homem. A Bíblia testifica que, em adição a sua
natureza divina, Cristo possui a natureza humana. A aceitação deste
ensinamento é crucial. Todo aquele “que confessa que Jesus Cristo veio em
carne é de Deus”, ao passo que todo aquele que não o faz “não procede de
Deus” (1Jo 4:2, 3). O nascimento humano de Cristo, seu desenvolvimento,
características e testemunho pessoal proveem as evidências de sua
humanidade.
1. Seu nascimento humano. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo
1:14). No texto, “carne” significa “natureza humana”, ou seja, uma natureza
inferior à natureza celestial que Ele possuía. Em termos bastante claros, Paulo
afirma: “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gl 4:4; cf. Gn 3:15).
Cristo foi feito “semelhança de homens” e foi “reconhecido em figura
humana” (Fp 2:7). Tal manifestação de Deus, através da natureza humana, é
o “mistério da piedade” (1Tm 3:16).
A genealogia de Cristo se refere a Ele como “filho de Davi” e “filho de
Abraão” (Mt 1:1). Conforme sua natureza humana, Ele “veio da descendência
de Davi” (Rm 1:3; cf. 9:5) e foi o “Filho de Maria” (Mc 6:3). Embora Ele
nascesse de mulher como qualquer outra criança, havia uma grande diferença,
um caráter totalmente singular. Maria era virgem e a Criança foi nela
concebida pelo Espírito Santo (Mt 1:20-23; Lc 1:31-37). Ele podia reclamar
sua humanidade a partir de sua mãe.
2. Seu desenvolvimento humano. Jesus se achava sujeito às leis do
desenvolvimento humano; Ele “crescia [...] em sabedoria, estatura e graça,
diante de Deus e dos homens” (Lc 2:40, 52). À idade de doze anos, tornou-se
consciente de sua divina missão (Lc 2:46-49). Ao longo de sua infância,
manteve-se sujeito aos pais (Lc 2:51).
O caminho da cruz pontilhou-se de contínuo desenvolvimento por
intermédio do sofrimento, o qual desempenhou importante papel em sua vida.
“Aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado,
tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb
5:8, 9; 2:10, 18). Ao longo de toda essa experiência assim desenvolvida, Ele
não pecou.
3. Ele foi identificado como “homem”. João Batista e Pedro se referiram a Ele
como “homem” (Jo 1:30; cf. At 2:22). Paulo fala da “graça de um só homem,
Jesus Cristo” (Rm 5:15). Ele é o “Homem” que obteve “a ressurreição dos
mortos” (1Co 15:21); é o “Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus,
homem” (1Tm 2:5). Dirigindo-Se a Seus inimigos, Ele próprio identificou-Se
como homem: “Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem
dito a verdade que de Deus tem ouvido” (Jo 8:40, Almeida Corrigida e
Revisada Fiel).
O título que Jesus preferentemente atribuiu a si mesmo foi “Filho do
homem” (Mt 8:20; 26:2), tendo-o utilizado cerca de 77 vezes. Esse título
chamava a atenção para o relacionamento que Ele mantinha com a
Divindade. O nome “Filho do homem” enfatiza sua solidariedade com a raça
humana por meio da encarnação.
4. Suas características humanas. Deus criou os homens um pouco menores que
os anjos (Hb 2:7). Similarmente, as Escrituras apresentam a Cristo como
alguém “que, por um pouco“, foi “feito menor que os anjos” (Hb 2:9). Sua
natureza humana era proveniente de criação e não possuía poderes
sobrenaturais.
Cristo deveria ser plenamente humano; isto representava uma parte de sua
missão. Sendo-lhe requerido que possuísse as características essenciais da
natureza humana, Ele foi feito “carne e sangue” (Hb 2:14). “Em todas as
coisas” Cristo se tornou “semelhante” aos seres humanos (Hb 2:17). Sua
natureza humana possuía as mesmas susceptibilidades mentais e físicas do
restante da humanidade: fome, sede, cansaço e ansiedade foram por Ele
experimentadas (Mt 4:2; Jo 19:28; 4:6; Mt 26:21; 8:24).
Em seu ministério pelos outros, Ele revelou compaixão, justificada ira, e
tristeza (Mt 9:36; Mc 3:5). Por vezes, Ele se sentiu perturbado e cheio de
tristeza, tendo até mesmo chorado (Mt 26:38; Jo 12:27; 11:33, 35; Lc 19:41).
Orou “com forte clamor e lágrimas”, chegando em uma ocasião a transpirar
“gotas de sangue” (Hb 5:7; Lc 22:44). Sua vida de oração demonstrou a mais
completa dependência do Pai (Mt 26:39-44; Mc 1:35; 6:46; Lc 5:16; 6:12).
Jesus experimentou a morte (Jo 19:30, 34). Ressuscitou, não como um
espírito, mas apresentando um corpo (Lc 24:36-43).
5. A extensão de sua identificação com a natureza humana. A Bíblia revela que
Cristo é o segundo Adão, que Ele viveu “em semelhança de carne
pecaminosa” (Rm 8:3). Em que extensão Ele se identificou com a
humanidade caída? É crucial a correta compreensão da expressão “em
semelhança de carne pecaminosa”. Pontos de vista inexatos têm ocasionado
dissensões e lutas ao longo da história da igreja cristã.
a. Ele foi enviado “em semelhança de carne pecaminosa”. A serpente erguida no
deserto, sobre a qual falamos antes, provê compreensão da natureza humana
de Cristo. Da mesma forma que a serpente de bronze foi feita à semelhança
das serpentes venenosas e foi erguida para a salvação das pessoas, assim o
Filho de Deus, feito “em semelhança de carne pecaminosa”, deveria se tornar
o salvador do mundo.
Antes da encarnação, Jesus existia “em forma de Deus”, o que equivale a
dizer que a natureza divina lhe pertencia desde o princípio (Fp 2:6, 7; cf Jo
1:1). Ao assumir a “forma de servo”, deixou de lado suas prerrogativas
divinas (Fp 2:7). Tornou-se o servo de seu Pai (Is 42:1), disposto a cumprir a
vontade do Pai (Jo 6:38; Mt 26:39, 42). Revestiu sua divindade com a
humanidade; foi feito “em semelhança de carne pecaminosa” ou “natureza
humana pecaminosa” ou “natureza humana caída” (cf. Rm 8:3).
11
Isso de
forma alguma indica que Jesus fosse pecador ou que participasse de atos e
pensamentos pecaminosos. Embora fosse feito em semelhança de carne
pecaminosa, Ele não pecou, e sua completa ausência de pecado acha-se além
de qualquer questionamento.
b. Ele foi o segundo Adão. A Bíblia traça um paralelismo entre Adão e Cristo,
identificando Adão como “o primeiro homem” e Cristo como “o último
Adão” ou “o segundo homem” (1Co 15:45, 47). Mas Adão possuía vantagens
em relação a Cristo. Por ocasião da queda, ele vivia no paraíso. Possuía
humanidade perfeita, com plenitude de vigor do corpo e da mente.
Não foi assim com Cristo. Ao assumir a natureza humana, a raça já havia
sido deteriorada ao longo de 4.000 anos de pecado neste planeta amaldiçoado
pelo mal. A fim de poder salvar aqueles que se encontravam nos mais
profundos abismos de degradação, Cristo assumiu a natureza humana em um
ponto em que – comparada à natureza de Adão antes da queda – existia
decréscimo de força física e mental, embora Ele a assumisse sem se envolver
com o pecado.
12
Quando Cristo assumiu a natureza humana que suportou as consequências
do pecado, tornou-se sujeito às enfermidades e fraquezas de semelhante
experiência. Sua natureza humana era “rodeada de fraquezas” (Hb 5:2; cf. Mt
8:17; Is 53:4). Ele sentiu essas fraquezas. Tinha, pois, necessidade de
oferecer, “com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia
livrar da morte” (Hb 5:7), identificando-se dessa forma com as necessidades e
debilidades tão comuns à humanidade.
Portanto, “a humanidade de Cristo não foi a humanidade de Adão, ou seja,
a humanidade do pai da raça antes da queda; tampouco foi a humanidade
decaída, isto é, em todos os aspectos a humanidade de Adão após a queda.
Não era a humanidade adâmica em virtude de possuir as inocentes fraquezas
dos caídos. Não era a natureza caída porque Ele jamais caiu em impureza
moral. Sua natureza era, portanto, mais apropriadamente a nossa humanidade,
porém sem pecado”.
c. Sua experiência com a tentação. De que forma as tentações afetaram a
Cristo? Foi-lhe fácil ou difícil resistir a elas? O modo como enfrentou as
tentações prova que Ele era verdadeiramente humano.
i. “Tentado em todas as coisas.” O fato de ter Cristo sido “tentado em todas as
coisas, à nossa semelhança” (Hb 4:15), mostra que Ele compartilhou a
humanidade. Tentações e a possibilidade de pecar foram muito reais para Cristo. Se Ele não houvesse tido a possibilidade de pecar, não teria sido
humano e nem poderia constituir nosso exemplo. Cristo assumiu a natureza
humana com todas as obrigações, inclusive a possibilidade de ser subjugado
pela tentação.
De que forma Ele poderia ter sido tentado “em todas as coisas”, como nós o
somos?
Obviamente a expressão “em todas as coisas” não significa que Ele
enfrentou tentações idênticas àquelas que hoje enfrentamos. Ele jamais foi
colocado diante da tentação de assistir a programas degradantes de televisão,
ou da tentação de ultrapassar os limites de velocidade no uso de algum
automóvel.
A questão básica subjacente a todas as tentações é a questão de sujeitar-se
ou não à vontade de Deus. Nos sucessivos encontros que manteve com a
tentação, Jesus sempre demonstrou sua mais completa sujeição a Deus. Pela
contínua dependência em relação ao divino poder, resistiu às mais ferozes
tentações, mesmo sendo Ele plenamente humano.
A vitória obtida por Cristo sobre a tentação o habilitou a simpatizar com a
fraqueza humana. Nossa vitória sobre a tentação nos advém quando nos
mantemos dependentes dele. “Deus é fiel, e não permitirá que sejais tentados
além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos
proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1Co 10:13).
Devemos reconhecer, entretanto, que, em última análise, “é um mistério
mantido sem explicação o fato de haver Cristo sido tentado em todos os
pontos em que o somos, e ainda assim permanecer sem pecado”.
1
ii. “Sofreu, tendo sido tentado.” Cristo sofreu enquanto se sujeitava à tentação
(Hb 2:18). Foi aperfeiçoado “por meio de sofrimentos” (Hb 2:10). Em virtude
de haver Ele próprio experimentado o poder da tentação, pode compreender
perfeitamente a necessidade de auxílio que sentem todos os que sofrem
tentação. Ele se tornou um com a humanidade no sentido de sofrer as
tentações a que a natureza humana está sujeita.
De que forma Cristo sofreu sob a tentação? Embora fosse gerado “em
semelhança de carne pecaminosa”, suas faculdades espirituais se achavam
livres de qualquer traço de pecado (Rm 8:3). Consequentemente, sua sagrada
natureza era extremamente sensível. Qualquer contato com o pecado lhe
causava dor. Consequentemente – uma vez que Ele sofreu na proporção de
sua santidade – a tentação trouxe mais sofrimento a Jesus do que a qualquer outra pessoa.
15
Quão extenso foi o sofrimento de Cristo? Suas experiências no deserto, no
Getsêmani e no Gólgota revelam que Ele resistiu à tentação até o ponto de
transpirar gotas de sangue e finalmente derramar por completo seu sangue
(Hb 12:4).
Cristo sofreu mais não só devido à agressividade do sofrimento a sua
santidade, como também enfrentou tentações mais fortes do que aquelas que
enfrentamos. B. F. Wescott observa: “Simpatia com o pecador em suas
provações não depende da experiência com o pecado e sim da intensidade da
tentação para pecar que só mesmo aquele isento de pecado pôde conhecer em
toda a sua profundidade. A pessoa que cede à tentação não chegou a
experimentar o conflito mais intenso.”
16
F. F. Bruce afirma: “Contudo, Ele
suportou triunfantemente todas as formas de provação que o homem pode ser
chamado a suportar, sem revelar qualquer enfraquecimento de sua fé em
Deus ou qualquer desvio de sua obediência ao Pai. Semelhante resistência
envolve mais – e não menos – que os sofrimentos humanos comuns.”
17
Cristo experimentou também uma poderosa tentação que jamais será
conhecida do ser humano – a tentação de utilizar seus poderes divinos em seu
próprio benefício. Ellen G. White declara: “Ele tinha recebido honras nas
cortes celestiais e estava familiarizado com o poder absoluto. Era tão difícil
para Ele se conservar ao nível da humanidade como era para o homem se
levantar acima do seu nível de natureza depravada, e ser participante da
natureza divina.”
18
d. Poderia Cristo pecar? Os cristãos divergem no tocante à possibilidade de
Cristo pecar. Concordamos com Philip Schaff, que afirma: “Houvesse Ele
sido dotado desde o princípio com absoluta impecabilidade, ou com a
impossibilidade de pecar, não poderia haver-se tornado verdadeiramente
homem, tampouco poderia constituir o modelo que devemos imitar: sua
santidade, em vez de representar um ato adquirido por Ele próprio e por
méritos inerentes, teria sido um dom acidental recebido de fora, e suas
tentações seriam uma representação teatral desprovida de realidade.”
19 Karl
Ullmann acrescenta: “A história da tentação, qualquer que fosse a forma de
sua exposição, não possuiria significado; e a expressão da epístola aos
Hebreus: ‘Foi Ele tentado em todas as coisas’, não teria qualquer
significado.”
20
6. A impecabilidade da natureza humana de Jesus Cristo. É algo completamente
óbvio que a natureza divina de Cristo era isenta de pecado. Mas o que dizer
de sua natureza humana?
A Bíblia retrata a humanidade de Cristo como sendo isenta de pecado. Seu
nascimento foi sobrenatural – Ele foi concebido pelo Espírito Santo (Mt
1:20). Na qualidade de bebê recém-nascido, foi descrito como “ente santo”
(Lc 1:35). Assumiu a natureza humana em sua condição decaída, suportando
as consequências da pecaminosidade, não a própria. Foi um com a raça
humana, exceto no que diz respeito ao pecado.
Jesus foi “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem
pecado”, mantendo-se antes “santo, inculpável, sem mácula, separado dos
pecadores” (Hb 4:15; 7:26). Paulo afirmou que Ele “não conheceu pecado”
(2Co 5:21). Pedro testificou que Jesus “não cometeu pecado, nem dolo algum
se achou em sua boca” (1Pe 2:22), e o comparou a um “cordeiro sem defeito
e sem mácula” (1Pe 1:19; Hb 9:14). João afirmou que “nele não existe
pecado, [...] Ele é justo” (1Jo 3:5, 7).
Jesus Cristo assumiu sobre si nossa natureza com todas as suas obrigações,
mas se achava livre da corrupção ou depravação hereditária e do pecado
efetivo. “Quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo 8:46). Ao enfrentar
sua mais severa prova, declarou: “Aí vem o príncipe do mundo, e ele nada
tem em mim” (Jo 14:30). Jesus não possuía propensões para o mal, nem
inclinações ou paixões pecaminosas. De uma avalanche de tentações,
nenhuma poderia alterar sua submissão a Deus.
Jesus jamais confessou algum pecado ou ofereceu qualquer sacrifício.
Nunca orou: “Pai, perdoa-me”, e sim: “Pai, perdoa-lhes” (Lc 23:34). Sempre
procurou realizar a vontade do Pai, e não a sua própria, mantendo assim
contínua dependência em relação ao Pai (cf. Jo 5:30).
Ao contrário da humanidade caída, a “natureza espiritual” de Jesus é pura e
santa, “livre de todo traço de pecado”.
21
Seria grave engano imaginá-lo
completamente humano, assim como nós somos. Ele é o segundo Adão, o
singular Filho de Deus. Tampouco devemos pensar nele como “um homem
com propensões ao pecado”. Embora Sua natureza humana fosse tentada em
todos os pontos nos quais a nossa natureza pode ser tentada, Ele jamais caiu,
jamais pecou. Jamais pôde ser encontrada nele qualquer propensão para o
mal.
22
Efetivamente, Jesus é o mais exaltado e santo exemplo para a humanidade.
Ele é sem pecado, e em tudo o que empreendeu, demonstrou a perfeição.
Representa verdadeiramente o exemplo perfeito de humanidade desprovida
de pecado.
7. Era necessário que Cristo assumisse a natureza humana. A Bíblia oferece
várias razões pelas quais Cristo teve de assumir a natureza humana.
a. A fim de tornar-se o sumo sacerdote da raça humana. Na qualidade de Messias,
Jesus deveria ocupar a posição de sumo sacerdote ou mediador entre Deus e o
ser humano (Zc 6:13; Hb 4:14-16). Essa função requeria a natureza humana.
Cristo preencheu as qualificações: (1) Seria capaz de “condoer-se dos
ignorantes e dos que erram”, uma vez que “Ele mesmo está rodeado de
fraquezas” (Hb 5:2). (2) É “misericordioso e fiel” uma vez que em todas as
coisas foi tornado “semelhante aos irmãos” (Hb 2:17). (3) “É poderoso para
socorrer os que são tentados” em virtude de haver Ele sido tentado (Hb 2:18).
(4) Simpatiza com nossas fraquezas porque também foi tentado em todas as
coisas “mas sem pecado” (Hb 4:15).
b. Para poder salvar até mesmo a mais degradada criatura. A fim de poder alcançar
as pessoas onde estas se achavam e poder resgatar o mais desesperançado,
Jesus teve de descer até o nível de servo (Fp 2:7).
c. Para oferecer sua vida em favor dos pecados do mundo. A natureza divina de
Cristo não pode morrer. Assim, para que pudesse sujeitar-se à morte, Cristo
teria de assumir a natureza humana. Ele se tornou homem e pagou pela
penalidade do pecado, que é a morte (Rm 6:23; 1Co 15:3). Na qualidade de
ser humano, provou a morte por todos (Hb 2:9).
d. Para ser o nosso exemplo. Tendo em vista se tornar um exemplo de como as
pessoas deveriam viver, Cristo teria de viver vida sem pecado em sua
natureza humana. Na qualidade de segundo Adão, Cristo desfez o mito de
que os seres criados não podiam obedecer a lei de Deus e obter vitória sobre
o pecado. Demonstrou à raça humana que é possível ser fiel à vontade de
Deus. No ponto em que o primeiro Adão caiu, o segundo Adão obteve a
vitória sobre o pecado e sobre Satanás, tornando-se nosso Salvador e perfeito
exemplo. Na força de seu poder a vitória pode tornar-se nossa (Jo 16:33).
Ao contemplá-lo, as pessoas são transformadas “de glória em glória, na sua
própria imagem, como pelo Senhor” (2Co 3:18). Olhemos “firmemente para
o Autor e Consumador da fé, Jesus. [...] Considerai, pois, atentamente, aquele
que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não
vos fatigueis, desmaiando em vossa alma” (Hb 12:2, 3).
Efetivamente, “Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os Seus
passos” (1Pe 2:21; cf. Jo 13:15).
A união das duas naturezas
A pessoa de Jesus Cristo possuía duas naturezas: divina e humana. Ele é o
Deus-homem. Observe, porém, que a encarnação significou o eterno Filho de
Deus assumindo sobre si a natureza humana, e não o homem Jesus
adquirindo divindade. O movimento ocorre no sentido de Deus para o
homem, não do homem para Deus.
Em Jesus, as duas naturezas fundiram-se em uma só. Observe as seguintes
evidências bíblicas:
Cristo é a união de duas naturezas. A pluralidade associada com o Deus Triúno
não se acha presente em Cristo. A Bíblia descreve Jesus como uma pessoa,
não como duas. Vários textos se referem às suas naturezas divina e humana,
mas sempre falam de uma só pessoa. Paulo descreve a pessoa de Jesus Cristo
como sendo Deus Filho (natureza divina) que nasceu de mulher (natureza
humana; Gl 4:4). Assim, Jesus, “subsistindo em forma de Deus, não julgou
como usurpação o ser igual a Deus” (natureza divina); “antes, a si mesmo se
esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de
homens” (natureza humana; Fp 2:6, 7).
A natureza dual de Cristo não é composta de poder divino abstrato ou
divina influência conectada com sua humanidade. João afirma: “E o Verbo se
fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua
glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1:14). Paulo escreveu: “Deus”
enviou “o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa” (Rm 8:3);
Deus “foi manifestado na carne” (1Tm 3:16; cf. 1Jo 4:2).
A combinação das duas naturezas. Por vezes a Bíblia descreve o Filho de Deus
em termos de sua natureza humana. Deus comprou a igreja com seu próprio
sangue (At 20:28; cf. Cl 1:13, 14). Em outros momentos, ela caracteriza o
Filho do homem em termos de sua natureza divina (cf. Jo 3:13; 6:62; Rm
9:5).
Quando Cristo entrou no mundo, um “corpo” lhe havia sido preparado (Hb
10:5). Quando assumiu a humanidade, sua divindade foi revestida dessa
humanidade. Isso não foi conseguido mediante a transformação da
humanidade em divindade ou da divindade em humanidade. Ele não saiu de
si próprio para assumir outra natureza, mas assumiu em si próprio a humanidade. Portanto, divindade e humanidade se combinaram.
Ao experimentar a encarnação, Cristo não deixou de ser Deus, tampouco
foi sua divindade reduzida ao nível da humanidade. Ambas as naturezas
continuaram a existir. Diz Paulo: “Nele, habita, corporalmente, toda a
plenitude da Divindade” (Cl 2:9). Durante a crucifixão, a sua natureza
humana morreu, e não a sua divindade, pois isso seria algo impossível.
A necessidade de união entre as duas naturezas. A compreensão do inter-relacionamento das duas naturezas de Cristo nos provê um vislumbre vital no
tocante à missão de Jesus e à nossa própria salvação.
1. Para reconciliar a humanidade com Deus. Somente um Salvador divino-humano poderia trazer a salvação. Cristo, no ato da encarnação, tendo em
vista compartilhar sua natureza divina com os crentes, trouxe a humanidade
dentro de si próprio. Pelos méritos do sangue do Deus-homem os crentes
podem compartilhar “da natureza divina” (2Pe 1:4).
A escada do sonho de Jacó, que simbolizava a Cristo, alcança-nos onde nos
encontramos. Ele assumiu a natureza humana e venceu, para que nós, por
intermédio do recebimento de sua natureza, pudéssemos igualmente vencer.
Seus braços divinos se estendem ao trono de Deus, enquanto sua humanidade
envolve a raça, conectando-nos com Deus, a Terra com o Céu.
A combinação das naturezas divina e humana torna efetiva a propiciação
realizada pelo sacrifício de Cristo. A vida de um ser humano sem pecado, ou
mesmo a de um anjo, não poderia expiar os pecados da raça humana. Tão
somente o divino-humano Criador poderia resgatar a humanidade.
2. Para esconder a divindade atrás da humanidade. Cristo velou sua divindade
com o manto da humanidade, deixando de lado sua glória e majestade
celestiais, de modo que os pecadores pudessem viver em sua presença, sem
serem destruídos. Embora fosse verdadeiramente Deus, não se apresentou
como Deus (Fp 2:6-8).
3. Para viver vitoriosamente. A humanidade de Cristo, sozinha, jamais poderia
haver suportado as poderosas tentações de Satanás. Ele se tornou apto a
vencer todo o pecado porque “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude
da Divindade” (Cl 2:9). Repousando inteiramente no Pai (Jo 5:19, 30; 8:28),
seu “poder divino combinado com a natureza humana ganhou a vitória
infinita em favor dos seres humanos”.
23
A experiência de Cristo em viver vida vitoriosa não constitui seu privilégio
exclusivo. Ele não exerceu qualquer poder que a humanidade não possa exercer. Nós também podemos ser “tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef
3:19). Por meio do divino poder de Cristo, podemos ter acesso a “todas as
coisas que conduzem à vida e à piedade” (2Pe 1:3).
A chave para alcançarmos essa experiência é a fé em “suas preciosas e mui
grandes promessas”, através das quais nos podemos tornar “coparticipantes
da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo”
(2Pe 1:4). Ele oferece o mesmo poder pelo qual se tornou vencedor, de modo
que todos possam obedecer fielmente e obter vida vitoriosa.
A confortadora promessa de Cristo simboliza a vitória: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também Eu venci e me
sentei com meu Pai no seu trono” (Ap 3:21).
Os ofícios de Jesus Cristo
Os ofícios do profeta, do sacerdote e do rei eram de caráter único, e em
geral requeriam consagração para o serviço através da unção (1Rs 19:16; Êx
30:30; 2Sm 5:3). O Messias vindouro, o Ungido – conforme indicava a
profecia – deveria exercer esses três ofícios. Cristo desempenhou o trabalho
de mediador entre Deus e o homem através dos ofícios de profeta, sacerdote e
rei. Cristo como profeta proclama a vontade de Deus a nós; Cristo como
sacerdote nos representa perante Deus e vice-versa; Cristo como rei exerce a
graciosa autoridade de Deus sobre seu povo.
Cristo como profeta. Deus revelou a Moisés o ofício profético de Cristo:
“Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja
boca porei as minhas palavras, e Ele lhes falará tudo o que Eu lhes ordenar”
(Dt 18:18). Os contemporâneos de Cristo reconheceram que nele se cumpriu
esta profecia (Jo 6:14; 7:40; At 3:22, 23).
Jesus se referiu a si próprio como “profeta” (Lc 13:33). Proclamou com
autêntica autoridade profética (Mt 7:29) os princípios do reino de Deus (Mt
5-7; 22:36-40) e revelou o futuro (Mt 24:1-51; Lc 19:41-44).
Antes de sua encarnação, Cristo encheu os escritores bíblicos com seu
Santo Espírito e lhes forneceu profecias a respeito de seu sofrimento e
subsequente glória (1Pe 1:11). Após a ascensão, Ele continuou revelando-se a
seu povo. As Escrituras afirmam que Ele concedeu seu “testemunho” – “o
espírito de profecia” – a seu fiel povo remanescente (Ap 12:17; 19:10; ver
capítulo 18 deste livro).
Cristo como sacerdote. Um juramento divino estabelecera firmemente o sacerdócio do Messias. “O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és
sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110:4).
Cristo não era descendente de Arão. À semelhança de Melquisedeque, seu
direito ao sacerdócio advinha da indicação divina (Hb 5:6, 10; ver capítulo
7). Seu sacerdócio mediador constituiu-se de duas fases: uma terrestre e outra
celestial.
1. O sacerdócio terrestre de Cristo. Os papéis desempenhados pelos sacerdotes
junto ao altar de holocaustos simbolizavam o ministério terrestre de Jesus.
Ele se qualificou perfeitamente ao ofício sacerdotal: era verdadeiramente
humano e foi “chamado por Deus” e agiu “nas coisas concernentes a Deus,
em favor dos homens”, recebendo a incumbência especial de oferecer “dons
como sacrifícios pelos pecados” (Hb 5:1, 4, 10).
O sacerdote devia reconciliar os adoradores com Deus por meio do sistema
sacrifical, que representava a provisão em favor da expiação dos pecados (Lv
1:4; 4:29, 31, 35; 5:10; 16:6; 17:11). Assim, o contínuo sacrifício junto ao
altar de holocaustos simbolizava a disponibilidade da contínua propiciação.
Esses sacrifícios não eram suficientes. Não possuíam a capacidade de tornar
perfeitos os ofertantes, ou de remover pecados, ou de produzir consciências
limpas (Hb 10:1-4; 9:9). Constituíam apenas uma sombra das boas coisas que
viriam no futuro (Hb 10:1; cf. 9:9, 23, 24). No Antigo Testamento é dito que
o próprio Messias assumiria o lugar desses sacrifícios animais (Sl 40:6-8; Hb
10:5-9). Esses sacrifícios, portanto, apontavam aos sofrimentos vicários e à
morte substitutiva de Cristo, o Salvador. Ele – “o Cordeiro de Deus” – se fez
“pecado por nós”, assumiu nossa maldição; seu sangue “nos purifica de todo
pecado” (Jo 1:29; 2Co 5:21; 1Jo 1:7; cf. Gl 3:13; 1Co 15:3).
Percebemos assim que, durante seu ministério terrestre, Jesus desempenhou
tanto o papel de sacerdote quanto de oferta. Sua morte na cruz constituía
parte de sua obra sacerdotal. Após o sacrifício no Gólgota, sua intercessão
sacerdotal centralizou-se no santuário celestial.
2. O sacerdócio celestial de Cristo. O ministério sacerdotal que Jesus começara
na Terra é completado no Céu. Sua humilhação sobre a Terra, na qualidade
de servo sofredor de Deus, qualificou-o para ser nosso Sumo Sacerdote no
Céu (Hb 2:17, 18; 4:15; 5:2). A profecia revelara que o Messias deveria
constituir-se sacerdote no trono de Deus (Zc 6:13). Após sua ressurreição, o
Cristo antes humilhado foi exaltado.A partir de então, nosso Sumo Sacerdote
está assentado “à destra do trono da Majestade nos céus”, ministrando no santuário celestial (Hb 8:1, 2; cf. 1:3; 9:24).
Cristo iniciou sua obra intercessória imediatamente após a ascensão. A
nuvem de incenso que subia do lugar santo do templo, tipificava os méritos
de Cristo, suas orações e justiça, mediante os quais nossa adoração e orações
se tornam aceitáveis diante de Deus. O incenso somente poderia ser oferecido
sobre brasas tomadasdo altar de holocaustos, o que revela a íntima conexão
existente entre a intercessão e o sacrifício expiatório do altar. Assim, a tarefa
intercessória de Cristo baseia-se nos méritos de seu completo sacrifício
expiatório.
A intercessão de Cristo oferece encorajamento a seu povo: Ele é apto para
“salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles” (Hb 7:25). Em virtude de Jesus exercer mediação em
favor de seu povo, todas as acusações de Satanás perderam sua base legal
(1Jo 2:1; cf. Zc 3:1). Paulo pergunta, em um exercício de retórica: “Quem os
condenará?” Depois ele prossegue afirmando que o próprio Cristo se
encontra à direita de Deus, intercedendo em nosso favor (Rm 8:34).
Afirmando seu papel como mediador, Cristo disse: “Em verdade, em verdade
vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-la concederá em meu
nome” (Jo 16:23).
Cristo como rei. Deus estabeleceu “nos céus [...] o seu trono, e o seu reino
domina sobre tudo” (Sl 103:19). É completamente evidente que o Filho de
Deus, como integrante da Divindade, compartilha do governo de todo o
universo.
Cristo, na qualidade de Deus-homem, exercerá seu reinado sobre todos
aqueles que o aceitaram como senhor e salvador. Diz a palavra de Deus: “O
teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu
reino” (Sl 45:6; Hb 1:8).
O reino de Cristo não foi estabelecido sem batalhas, pois “os reis da terra se
levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido [o
Messias]” (Sl 2:2). Mas esses esquemas humanos fracassarão. Deus
estabelecerá o Messias sobre seu trono por meio de decreto: “Eu, porém,
constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do
SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, Eu, hoje, te gerei’” (Sl 2:6, 7; Hb
1:5). O nome do Rei que haverá de ocupar o trono de Davi é: “SENHOR,
Justiça Nossa” (Jr 23:5, 6). Sua realeza é única, pois Ele deverá ocupar o
trono celestial tanto na qualidade de rei quanto na de sacerdote (Zc 6:13).
O anjo Gabriel anunciou a Maria que Jesus deveria ser o regente
messiânico, ao dizer-lhe: “Ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o
seu reinado não terá fim” (Lc 1:33). Sua realeza é retratada através de dois
tronos, que simbolizam seus dois reinos. O “trono da graça” (Hb 4:16)
representa o reino da graça; o “trono da sua glória” (Mt 25:31) representa o
reino da glória.
1. O reino da graça. Imediatamente depois que nossos primeiros pais
pecaram, foi instituído o reino da graça. Ele existia pela promessa de Deus.
Pela fé as pessoas podiam se tornar cidadãs desse reino. Mas ele não foi
plenamente estabelecido até que ocorresse a morte de Cristo. Quando o
Salvador clamou na cruz: “Está consumado” (Jo 19:30), os requisitos para
que operasse plenamente o plano da redenção foram alcançados, tendo sido
ratificado o novo concerto (cf. Hb 9:15-18).
A proclamação de Cristo: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está
próximo” (Mc 1:15), representava uma referência direta ao reino da graça que
em breve seria estabelecido por Sua morte. Fundado sobre a obra da
redenção, e não da criação, esse reino recebe cidadãos por meio da
regeneração – o novo nascimento. Jesus afirmou claramente: “Em verdade,
em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar
no reino de Deus” (Jo 3:5). O Mestre comparou o desenvolvimento desse
reino com o fenomenal desenvolvimento de uma semente de mostarda e com
o efeito do fermento sobre a farinha (Mc 4:22-31; Mt 13:33).
O reino da graça não é visível por demonstrações exteriores, mas pelos
efeitos que causa no coração dos crentes. Jesus ensinou: “Não vem o reino de
Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o
reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17:20, 21). Não é um reino deste
mundo, disse Ele, mas um reino da verdade. “Tu dizes que sou rei. Eu para
isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz” (Jo 18:37). Paulo afirmou
que o reino de Cristo é um reino de “justiça, e paz, e alegria no Espírito
Santo”, e para ele os crentes foram transferidos (Rm 14:17; Cl 1:13).
O estabelecimento desse reino representou uma experiência dolorosa,
confirmando assim que não existe coroa sem cruz. Ao término de seu
ministério público, Jesus – o Messias, o Deus-homem – foi a Jerusalém como
legítimo herdeiro do trono de Davi. Sentado em um jumento, conforme o
costume da realeza judaica (Zc 9:9), Ele aceitou as manifestações espontâneas e entusiásticas de apoio da multidão. Durante sua entrada triunfal
na cidade real, “a maior parte da multidão estendeu as suas vestes” no chão,
formando um tapete real; também cortaram ramos de palmeiras e gritaram:
“Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana
nas maiores alturas!” (Mt 21:8, 9). Cumpriu-se assim a profecia de Zacarias.
Dessa forma, Cristo se apresentou como o rei messiânico.
Infelizmente, sua pretensão ao trono não transcorreu sem oposição. A ira
satânica contra o “Imaculado” atingiu a culminância. Em cerca de doze horas,
os defensores da fé – representados pelo Sinédrio – o haviam aprisionado
secretamente, colocado em julgamento e condenado à morte.
Durante seu jugamento, Jesus afirmou publicamente ser o Filho de Deus e o
Rei de seu povo (Lc 23:3; Jo 18:33-37). Em resposta a essa sua pretensão, foi
Ele ultrajantemente vestido com um manto real, e coroado, não com uma
coroa de ouro, mas sim uma de espinhos (Jo 19:2). Sua recepção como rei foi
a mais vil zombaria. Golpeando-o rudemente, os soldados escarneciam:
“Salve, rei dos judeus” (Jo 19:3). Quando o governador romano, Pilatos, O
apresentou à nação, dizendo: “Eis aqui o vosso rei”, seu próprio povo o
rejeitou unanimemente, clamando: “Fora! Fora! Crucifica-o!” (Jo 19:14, 15).
Por intermédio da mais profunda humilhação – morte sobre a cruz –, Cristo
estabeleceu o reino da graça. Muito em breve, a exaltação substituiria a
humilhação. Ocorrida a ascensão, foi Ele entronizado no Céu como sacerdote
e rei, compartilhando do trono de seu Pai (Sl 2:7, 8; cf. Hb 1:3-5; Fp 2:9-11;
Ef 1:20-23). Essa entronização não lhe outorgou – sendo Ele o divino Filho
de Deus – qualquer poder que ainda não tivesse. A partir daquele momento,
porém, como o Mediador divino-humano, sua natureza humana participava
da glória e do poder celestiais pela primeira vez.
2. O reino da glória. No monte da transfiguração foi concedida uma
representação do reino da glória. Ali Cristo se apresentou em glória. “O seu
rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a
luz” (Mt 17:2). Moisés e Elias representaram os redimidos – Moisés
simbolizando aqueles que morreram em Cristo e que ressuscitarão, e Elias
simbolizando os crentes que serão arrebatados para o Céu sem jamais
experimentar a morte, por ocasião do segundo advento.
O reino da glória será estabelecido mediante eventos cataclísmicos quando
do retorno de Cristo (Mt 24:27, 30, 31; 25:31, 32). Em seguida ao
julgamento, quando a obra mediatória do Filho do homem no santuário celestial houver terminado, o “Ancião de Dias” – Deus Pai – lhe entregará
“domínio, e glória, e o reino” (Dn 7:9, 14). Então “o reino, e o domínio, e a
majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos
do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e
lhe obedecerão” (v. 27).
O reino da glória será finalmente estabelecido na Terra, no final do milênio,
quando a nova Jerusalém descerá dos céus (Ap 20, 21). Aceitando a Jesus
Cristo como nosso Salvador, tornamo-nos cidadãos do reino da graça hoje, e
nos tornaremos cidadãos do reino da glória em sua segunda vinda. Diante de
nós seestende uma vida de ilimitadas possibilidades. A vida oferecida por
Cristo não é uma vida cheia de fracassos e semeada de esperanças e sonhos
irrealizáveis, mas uma vida de crescimento, um caminho de sucesso junto ao
Salvador. É uma vida que revelará crescente “amor [genuíno], alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio
próprio” (Gl 5:22, 23). Esses são os frutos do relacionamento que Jesus
oferece a todos os que entregarem a vida a Ele. Quem é capaz de resistir a
esse oferecimento?
1 - No tocante à profecia das setenta semanas, ver 70 Weeks, Leviticus and The Nature of Prophecy, edição de
Frank B. Holbrook (Washington, DC: Biblical Research Institute, General Conference of Seventh-day Adventists,
1986), p. 3-127.
2
Quanto aos fundamentos bíblicos para o princípio do dia-ano, ver William H. Shea, Selected Studies on
Prophetic Interpretation (Washington, DC: Review and Herald, 1982), p. 56-93.
3
As datas do reinado de Artaxerxes foram firmemente estabelecidas pelas datas das Olimpíadas, pelo Cânone de
Ptolomeu, pelos Papiros de Elefantina e pelos tabletes cuneiformes de Babilônia.
4
Ver também C. Mervyn Maxwell, God Cares (Mountain View: Pacific Press, 1981), v. 1, p. 216-218.
5
Gleason L. Archer, Encyclopedia of Bible Difficulties (Grand Rapids: Zondervan, 1982), p. 291.
6
E. G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 530.
7
O fato de a Escritura se referir a Jesus como o “unigênito” e o “primogênito”, e de falar do dia de seu
nascimento, de forma alguma nega sua natureza divina e sua eterna existência. O termo unigênito (Jo 1:14; 1:18;
3:16; 1Jo 4:9) provém do termo grego monogenês. O uso bíblico de monogenês revela que seu significado dirige-se
para “único”, o que denota relacionamento especial, e não um evento relacionado com o tempo. Por exemplo:
Isaque é identificado como “unigênito” de Abraão, embora não fosse o único filho do patriarca, e nem mesmo o seu
primogênito (Gn 16:16; 21:1-21; 25:1-6). Isaque foi um filho singular, o único de sua espécie, destinado a se tornar
o sucessor de Abraão. “Jesus Cristo, o Deus preexistente, a divina Palavra criadora, em sua encarnação se tornou
em sentido único o Filho de Deus – e por esta razão é designado como monogenês, o único de seu gênero, ao
mesmo tempo que era único em muitos aspectos de sua vida, e de seu ser. Nenhum outro filho da raça humana foi
tão compactado em seu ser, desempenhou relacionamento tão singular com a Divindade, ou realizou obra tão
especial. Assim, monogenês descreve o relacionamento entre Deus Pai e Jesus Cristo, o Filho, enquanto Pessoas
distintas da Divindade. Essa é uma relação que pertence à complexa personalidade divino-humana de Cristo, em
conexão com a economia do plano da salvação” (Comitê de Problemas na Tradução da Bíblia, Problems in Bible
Translation [Washington, DC: Review and Herald, 1954], p. 202). Da mesma forma, quando Cristo é identificado
como “primogênito” (Hb 1:6; Rm 8:29; Cl 1:15, 18; Ap 1:5), o termo não se refere à ordem temporal. Pelo
contrário, enfatiza a importância ou prioridade (cf. Hb 12:23). Na cultura hebraica, o primogênito recebia os
privilégios da família. Assim Jesus, como o primogênito entre os homens, recuperou todos os privilégios que o
homem havia perdido. Tornou-se o novo Adão, o novo “primogênito” ou cabeça da raça humana. A referência
bíblica ao dia em que Jesus foi gerado, baseia-se em um conceito similar ao daqueles que eram gerados como
primogênitos. Dependendo do contexto, a predição messiânica: “Tu és meu Filho, Eu hoje te gerei” (Sl 2:7) pode se
referir aos seguintes aspectos da vida de Cristo: encarnação (Hb 1:6), ressurreição (At 13:33; cf. v. 30) ou
entronização (Hb 1:3, 5).
8 - Evidência adicional é encontrada nas leis gramaticais gregas. (1) O uso de “Senhor” (sem artigo definido). A
Septuaginta traduz YHWH como kurios. Muitas vezes, quando essa forma da palavra aparece no Novo Testamento,
ela indica Deus (por exemplo, Mt 7:21; 8:2, 6, 25). (2) Um único artigo qualifica dois substantivos. Assim, por
exemplo, Cristo é descrito como Deus nas frases “nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (Tt 2:13) e “justiça
do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 1:1). (3) Quando existem dois substantivos e o segundo aparece no
caso genitivo sem artigo, para qualquer um dos substantivos a qualidade de um é atribuída ao outro. Assim, da
mesma forma que Romanos 1:17 e 18 fala da “justiça de Deus” e da “ira de Deus”, Jesus é descrito como “Filho de
Deus” (Lc 1:35).
9
E. G. White, “The True Sheep Respond to the Voice of the Shepherd”, Signs of the Times, 27 de novembro,
1893, p. 54.
10
E. G. White, Patriarcas e Profetas, p. 34.
11
Estas expressões têm sido frequentemente utilizadas pelos escritores adventistas do sétimo dia para descrever a
identificação de Jesus com a raça humana, mas de nenhuma forma deixam eles a impressão de que Ele fosse
pecador. Ao longo de toda a sua história, a posição oficial da igreja tem sido a de sustentar a absoluta ausência de
pecado no Senhor Jesus Cristo.
12
Cristo tomou sobre si “as mesmas susceptibilidades mentais e físicas” de seus contemporâneos (E. G. White,
“Notes of Travel”, Adventist Review and Sabbath Herald, 10 de fevereiro de 1885, p. 81). Assumiu uma natureza
humana que havia decrescido em “força física, em poder mental, em riqueza moral”, embora não moralmente
depravada, antes totalmente sem pecado (E. G. White, “In All Points Tempted Like As We Are”, Signs, 3 de
dezemhro de 1902, p. 2; veja E. G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 49).
13
Henry Melvill, em Sermons by Henry Melvill, B. D., edição de C. P. McIlvaine (Nova York: Stanford and
Swords, 1844), p. 47. Com a expressão “inocentes fraquezas” ele quer se referir à fome, dor, tristeza, etc. Ele
identificou essa forma de ver a natureza pré e pós-queda (aplicada a Cristo) como “a doutrina ortodoxa” (ibid.).
14
E. G. White, Carta 8 de 1895 em The Seventh-day Adventist Bible Commentary, editado por Francis D. Nichol,
edição revista (Washington, DC: Review and Herald, 1980), v. 5, p. 1128, 1129; cf. SDA Bible Commentary,
edição revista, v. 7, p. 426.
15
Cf. E. G. White, “In Gethsemane”, Signs, 9 de dezembro de 1987, p. 3; White em SDA Bible Commentary,
edição revista, v. 7, p. 927
16
Brooke F. Wescott, The Epistle to the Hebrews (Grand Rapids: Eerdmans, 1950), p. 59
17
F. F. Bruce, Commentary on the Epistle to the Hebrews (Grand Rapids: Eerdmans, 1972), p. 85, 86.
18
E. G. White, No Deserto da Tentação, p. 102, 103.
19
Philip Schaff, The Person of Christ (Nova York: George H. Doran, 1913), p. 35, 36.
20
Karl Ullmann, An Apologetic View of the Sinless Character of Jesus, The Biblical Cabinet; or Hermeneutical
Exegetical, and Philological Library (Edinburg: Thomas Clark, 1842), v. 37, p. 11.
21
E. G. White, “In Gethsemane”, Signs, 9 de dezembro de 1897, p. 3.
22
E. G. White, Carta 8, 1895, em CBASD, v. 5, p. 1260, 1261. Nos dias de Ellen White era utilizada a seguinte
definição de propensão: “Inclinação natural; viés, tendência.” O Webster’s Unabridged Dictionary define o termo
como “a qualidade ou estado de estar propenso; inclinação natural; disposição para fazer o bem ou o mal; viés,
tendência”. Um dos autores favoritos de Ellen White, Henry Melvill, escreveu: “Embora Ele tenha assumido a
humanidade com suas fraquezas inocentes, Ele não a assumiu com suas propensões ao pecado. Aqui a Divindade se
interpôs. O Santo Espírito cobriu com sua sombra a virgem e, permitindo a fraqueza que dela derivasse, proibiu a
pecaminosidade; ao assim fazer, permitiu que fosse gerado um ser humano sofredor e enfraquecido, mas ainda
assim não depravado e sem mácula; um ser humano com lágrimas, mas sem manchas; acessível à angústia, mas não
inclinado a ofender; aliado mui intimamente com a miséria resultante, mas infinitamente afastado de suas causas
producentes” (Melvill, p. 47). Ver Tim Poirier, “A Comparison of the Christology of Ellen White and Her Literary
Sources” (Manuscrito Não Publicado, Ellen G. White Estate, General Conference of Seventh-day Adventists,
Washington, DC, 20012).
23
E. G. White, No Deserto da Tentação, p. 80.
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