O Homem da Iniquidade – 2 Tessalonicenses 2

 


O Homem da Iniquidade – 2 Tessalonicenses 2

 

Marcelo Ribeiro Martins Ramos

 

É um estudo relativamente breve e introdutório, que pode ser aprofundado no futuro, mas que espero ser útil.

 

Versão ACF

2 Tessalonicenses 2 Ouvir

1 Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele,

2 Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto.

 

          O texto nos diz que o Dia de Cristo (Dia do Senhor – Nova Versão Internacional, Almeida Revista e Atualizada e Novo Testamento Interlinear ) não está perto; A ARA e a NVI concordam com o NTI quanto ao verso 1, que estaria dito que “a respeito da vinda do Senhor”, “quanto à vinda do Senhor”, “no que diz respeito à vinda de nosso Senhor” - Jesus Cristo. Diz para que não haja modificação quanto ao entendimento a respeito da distância desse dia.

 

3 Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição,

 

          O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia (Volume 7, pgs. 274, 275) nos diz:

 “Apostasia. Do gr. he apostasia. “remover o apoio”. A palavra apostasia ocorre no NT apenas aqui e em Atos 21:21 [E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei. Atos 21:21 – ACF; Eles foram informados de que você ensina todos os judeus que vivem entre os gentios a se afastarem de Moisés, dizendo-lhes que não circuncidem seus filhos nem vivam de acordo com os nossos costumes. Atos 21:21 – NVI]. O artigo (he) indica que é mencionada uma apostasia definida e que esta apostasia é bem conhecida dos leitores...”. “O homem da iniquidade. ...(cf. com. v.8, em que ‘o iníquo’ é, literalmente, ‘o sem lei’). A presença do artigo definido indica que Paulo se refere a um inimigo sobre o qual já tinha falado aos tessalonicenses e que esperava que soubessem sobre quem estava escrevendo.; O filho da perdição. Ou, ‘filho da destruição’...Há apenas outra passagem das Escrituras em que este título é usado. É aplicado pelo Salvador a Judas (ver com. De Jo 17:12 [Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.].

 

          No NTI, temos: “apostasia”, “uios tes apogeias” - filho da perdição, “anthropos tes anomias” - homem da iniquidade.

 

          Teríamos, portanto, a vinda da apostasia associada à manifestação do homem do pecado, que seria o filho da perdição. O texto de atos 21:21 nos indica que tal apostasia pode perfeitamente vir de quem, teoricamente, possui o necessário para conhecer a Bíblia, mas esteja afastado/apartado, removendo o apoio ao que ela proponha como lei e salvação.

I João 1:4 nos diz que “hamartia estin he anomia” - “o pecado é a iniquidade” (NTI). 

A expressão “filho da perdição” associada a Judas mostra que é perfeitamente possível que surja dos meios ditos cristãos.

João 17:12

 

4 O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.

 

          No NTI e na ARA, não temos indicação de algum ato que seria apenas feito no futuro. Nas ACF, NVI, temos uma indicação da segunda parte do verso no futuro.

          Novamente, no CBASD (vol. 7, pg. 275): “4. O qual [...] se levanta. Do gr. huperairomai, ‘erguer-se acima’, ‘elevar-se sobre’ algo. Opõe. Do gr. antikeimai, ‘ser hostil a’, ‘resistir’, ‘opor’.”. O mesmo comentário informa que o termo “como Deus” poderiam não estar no texto base.  No. ‘para dentro’...Santuário. Do gr. naos, ou santuário, em contraste com hieron, que designa todo o complexo do templo.”, e indica que alguns consideram como a igreja, e outros como representação de um centro de adoração religiosa.

          O “querendo parecer Deus”, ou “ostentando-se como se fosse o próprio Deus” - CBASD (vol. 7, pg. 275): “Ostentando-se. Do gr. apodeiknumi, ‘apontar’, ‘exibir’, ‘declarar’….”. No NTI: “apodeiknumia reauton roti estin Theos” - proclamando a si mesmo que é Deus.

 

          Logo, ao mesmo tempo em que ele se levanta contra toda e qualquer divindade ou adoração, ele ocupa o lugar de Deus e aponta para si mesmo / exibe-se / declara-se / proclama-se como Deus, ou seja, ele ocupa uma posição privilegiada no mundo religioso, tendo em vista ir para dentro do santuário e assentar-se para ser visto/declarado como Deus. 

 

5 Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco?

6 E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado.

7 Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado;

8 E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda;

 

          Paulo, no verso 5, mostra que já havia ensinado algo sobre o assunto anteriormente, e o verso 6 mostra que eles já conheciam bem sobre o que ele estava ensinando nesse momento, ou seja, tal poder já atuava antes de Paulo escrever 2 Tessalonicenses (para outra interpretação sobre os versos 6, 7 e 8: https://apologiajudaica.wordpress.com/2009/10/18/desmascarando-a-restricao-de-quem-o-detem-em-ii-tess-267/ : sendo que Paulo ensina que a apostasia viria, e seria manifestado o homem do pecado e filho da perdição, e depois diz que o mistério da iniquidade já operava, e que o iníquo seria revelado e, posteriormente, destruído/anulado pela vinda de Cristo, temos, mesmo nesta interpretação, um poder que já atuava e que seria revelado no futuro). Na análise da Bíblia Thompson (pg. 1415),  1 Tessalonicenses teria sido escrita entre 49-54 d. C (diz-se que não se pode determinar com segurança), e 2 Tessalonicenses provavelmente pouco depois disso). O CBASD (vol. 7, pg. 265) diz que a data seria a mesma da primeira carta (“poucos meses depois da primeira”). O Volume 6, pg. 91 (conforme indicado pelo volume 7), nos leva a 51 ou 52 d.C.

          CBSD (vol. 7, pg. 277): “Mistério da iniquidade. Do gr. musterion tes anomias (sobre o significado de musterion, como algo oculto, ver com. De Rm 11:25, sobre anomias, ‘desacato e violação da lei’, ‘iniquidade’, ver com. v. 3)….”.

NTI: “kai nun to katechon oidate eis to apocalufthenai auton em to eauton kairo – E agora conheceis aquilo que detém para o ser revelado ele em o seu próprio tempo”.

 

          Temos, então, algo que o detinha/detém até que fosse/seja manifestado/revelado a seu próprio tempo / em ocasião própria. Considerando que os versos 6-8 se complementam, o poder (tendo em mente que já existia e continuaria existindo até: ser desfeito/morto pelo sopro da boca de Jesus; sua aniquilação/destruição pelo(a) resplendor/manifestação da Sua vinda / vinda dEle) existia e ainda existe.

 

          Ao se referir a quem seria afastado/tirado, e ao “então” do verso 8, o CBASD informa (vol.7, pg. 277): “Então. Os defensores da teoria de que quem foi ‘afastado’ (v. 7) era o império romano compreendem ‘então’ como uma referência ao tempo em que Roma papal subiu ao poder (ver com. De Dn 7:8). Os defensores de que o ‘afastado’ representa o anticristo creem que ‘então’ se aplica ao futuro, quando o papado experimentará um breve período de reavivamento (ver com. De Ap 13:3), e a seguir sua verdadeira natureza será exposta (ver com. De Ap 17: 16, 17). Ou, numa aplicação ampla, no tempo quando Satanás, o supremo anticristo, tomar parte pessoalmente nos acontecimentos dos últimos dias, apenas para que a falsidade de suas reivindicações por divindade seja exposta (ver com. De 2 Ts 2:4)...”.

          Sem entrar no mérito sobre a ferida mortal e a cura da besta de Apocalipse 13, sabemos que se algo o detém, precisa deixar de detê-lo para que seja revelado, que deixe de ser mistério/oculto e, portanto, o verso 7 estaria se referindo à(o) retirada/afastamento do que detém o “mistério da iniquidade/injustiça”, ou seja, algo já operava como mistério/oculto, e sua revelação seria equivalente à revelação do iníquo, o homem da iniquidade, filho da perdição. Sendo que já operava naquele tempo, temos um poder que já atuava através de seus agentes, e mantinha-se oculto na busca dos planos do verso 4 (ser hostil contra qualquer outro tipo de divindade que não fosse entendida como ele próprio, se colocar acima de qualquer divindade; o assentar-se no santuário/templo para se colocar como o próprio Deus, ao menos aparentemente – indica que seu centro de ação estaria no cristianismo).

          E por quê? No verso 3, Paulo nos diz para não sermos enganados, e a partir dele desenvolve o raciocínio sobre a apostasia, o filho do pecado, da perdição. A preocupação mostrada no verso 4 nos indica que o poder buscaria se parecer com o que nosso Deus é, com uma rejeição a outros Deuses (inclusive o nosso próprio, por se parecer com Ele, dando a impressão de que esse enganador aparentará aos cristãos que veio resgatá-los do engano, quando na verdade ele mesmo é que engana, ao mesmo tempo em que buscará enganar a todos os que crêem em alguma divindade, chamando a adoração deles para si).

 

Temos também:

1 - a apostasia está relacionada, em Atos 21:21, ao afastamento da lei de Moisés, indicando que o termo pode ser aplicado ao afastamento dos ensinos estabelecidos nas Escrituras Hebraicas e nas Gregas, em busca de qualquer outra coisa;

2 – o termo filho da perdição/destruição também está associado a Judas, indicando que alguém/algum poder pode estar infiltrado no cristianismo, para prejudicá-lo posteriormente;

3 – O termo templo/santuário é outro indicativo de um poder dentro do próprio cristianismo, ou seja, um engano que faz de tudo para parecer que está de acordo com a vontade de Deus, quando na verdade está usurpando Sua atuação na vida das pessoas;

4 – O verso 4 mostra um poder já atuante, ainda que ocultamente, nos tempos de Paulo, com o intuito de se opor, se sobrepor e, portanto, tomar o lugar de qualquer outro na adoração.

 

          O verso 8 mostra que o iníquo (CBASD, vol. 7, pg. 278 – anomos - “destituído de lei”; apresenta dois pontos de vista, o de que seria o papado ou o próprio Satanás – em qualquer dos casos: tirado, abolido, anulado, morto, pelo sopro; inutilizado, deixado nulo e vazio, pela manifestação da vinda). Os versos 3-8 descartam qualquer rei/imperador específico cumprindo todo o ensino de Paulo em sua época e na nossa: atuação presente e atuação até a volta de Cristo revelam um poder, representado por pessoas que dominavam e continuariam dominando até Jesus voltar, e cujo impedimento para revelação existia naquela época, mas quando fosse retirado, permitiria a revelação que antecede sua destruição.       

          

 

9 A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira,

10 E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.

11 E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira;

12 Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade.

13 Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade;

14 Para o que pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.

15 Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.

16 E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Deus e Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança,

17 Console os vossos corações, e vos confirme em toda a boa palavra e obra.

 

          O verso 9 nos mostra Paulo falando claramente sobre Satanás atuando para garantir a eficácia deste poder (ele não seria o próprio Satanás), ou seja, não haveria, ao menos a princípio (e no texto não teríamos elementos em contrário), motivo para considerar que Paulo usou termos já utilizados para indicar pessoas, falou da tomada do templo/santuário (indicando pessoas), citou abertamente Satanás como o mentor de tudo, e estar se referindo ao próprio Satanás como o “mistério da iniquidade”, o “homem da iniquidade”, ou o “filho da perdição”. 

Paulo mostra Satanás mantendo tal poder, mas não o indica, em nenhum momento, como o próprio “homem da iniquidade” (o sem lei), ou filho da perdição/destruição. Vemos Satanás / o dragão atuando diretamente em Apocalipse 12 (neste caso cremos, por exemplo, em sua atuação através dos poderes/reinos terrenos que conseguia dominar, concordando com o CBASD, vol. 7, pg. 894, Dragão[…] vermelho). 


Certo que, sendo que tudo isso ocorre por causa dele, se é operado segundo a eficácia dele, se ele fornece poder e autoridade, nada impede que o próprio Satanás termine sua obra agindo diretamente, como anjo de luz, visto que não seria nada de novo, considerando o texto: “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz.
Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.
2 Coríntios 11:13-15.

          Tendo os desdobramentos do parágrafo acima em mente (não vistos no contexto de 2 Tessalonicenses 2, mas vistos, por exemplo, no Apocalipse, em que o Dragão, identificado como Satanás, atua perseguindo a mulher e auxiliando as bestas), compreende-se a afirmação do Dicionário ASD, pg. 73 (e CBASD, vol. 7, pg. 278, ao falar dos dois pontos de vista): “A passagem parece ter dupla aplicação, descrevendo primeiramente a apostasia em desenvolvimento na igreja cristã e, também, a obra de engano de Satanás, o anticristo por excelência”. Ainda que a passagem em si não apresente isso (a ênfase de Paulo estaria nos poderes manipulados por Satanás, e não sua atuação direta, a princípio), o Apocalipse, por exemplo, em conjunto com 2 Coríntios 11:13-15, permite concluir que uma atuação direta de Satanás é perfeitamente possível.

          Deus envia a operação do erro (ou seja, permite que ela atue) enganando os que tiveram e não quiseram a chance de crer na verdade. Paulo fala do cuidado para manter o que for aprendido, indicando uma preocupação que faz muito sentido quando pensamos nesse poder misterioso já atuando e tentando corromper as crenças cristãs, ou seja, tendo em mente o contexto, vemos que o engano faz muito mais sentido se pensarmos que corromperá a própria mensagem cristã, e por isso a preocupação em orientar sobre manter o que foi aprendido. 

Considerando que Paulo, ao se referir à vinda de Jesus, se referia ao período anterior ao milênio (se não tivermos em seus ensinos algo diferente do que ele mostrou em 1 Tessalonicenses 4: 13-18), a combinação “sopro de Sua boca” e “manifestação de Sua vinda” mostra tal poder sendo retirado/abolido, tornado nulo, ou mesmo morto quando Jesus voltar (aqui caberia ver a quem podemos comparar tal poder, para ver seu desfecho, por exemplo, no Apocalipse).

         

Apocalipse 13 fala de:

 

1 - uma besta do mar, que recebe o poder, o trono e grande autoridade do dragão; o povo adora tanto o dragão quanto a besta, mas é a ela que se dirigem para dizer: “Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela?; recebe autoridade sobre todos os que se perderão, e oprime o povo de Deus;

2 – uma besta da terra, que produz sinais diante da besta do mar, e exerce a autoridade desta besta na presença dela;

 

          Apocalipse 17 fala de uma mulher montada numa besta com sete cabeças e dez chifres, e estão envolvidos em enganos e autoridade no mundo. Fala-se da destruição de Babilônia (capítulo 18). No capítulo 19 (versos 19-21) fala-se da derrota da besta e dos reis da terra, do falso profeta, e de todo e qualquer que estiver com eles, apoiando-os.

 

          Em todos estes casos, vemos reinos em conjunto, ou seja, um poder manipulando reinos, sendo adorado, estando em evidência, fazendo parcerias...e Satanás está sempre orquestrando, dando poder a eles. Satanás é chamado, no Apocalipse, de dragão, antiga serpente, Diabo, Satanás. Mesmo quando ele persegue diretamente, é claramente identificado como dragão. Quando se põe em pé sobre a areia do mar (Apocalipse 12:18), temos o relato das bestas: a do mar recebe poder e autoridade do dragão, e tem a besta da terra trabalhando para ela (Apocalipse 13). Em Apocalipse 17 e 19, temos a besta, os reis...trabalhando até serem derrotados por Deus. E, no capítulo 20, novamente o dragão é mencionado. Note que as características da besta de Apocalipse 19:19-20 são semelhantes às da besta do capítulo 13. O poder retratado em 2 Tessalonicenses 2 é, portanto, semelhante ao do contexto das bestas do Apocalipse: está oculto até certo tempo, mas atuante (a imagem do próprio dragão atuando); atua com poder e autoridade do dragão, ou seja, segundo a eficácia de Satanás; engana a todo o momento, requer e consegue adoração exclusiva, é revelado e continua sua atuação até ser derrotado por Deus, por ocasião de Sua vinda.

 

          Daniel 7 fala de um quarto reino sucedido por dez reis, sucedidos por um outro reino, cujo poder é retirado quando se estabelece um reino eterno, o reino do Altíssimo. (Lembrando que, assim como o capítulo 7 acrescenta detalhes que não estão no 2, o 8 acrescenta detalhes não vistos no 7, e temos mais detalhes em 9, 11 e 12). Tendo em mente a sucessão que o próprio livro nos fornece, o quarto reino vem depois da Grécia. É um reino espantoso, destruidor. Após se levantarem dez reis desse reino, levanta-se o reino que perseguirá o povo de Deus e cuidará em mudar os tempos e as leis (considerando que isto é buscado por reinos anteriores, entende-se que tal situação é ainda mais ampla, perigosa e destrutiva). De qualquer forma, vemos apostasia, domínio, opressão, perseguição ao povo de Deus, que combinados com o relato do Apocalipse sobre os poderes que serão derrotados pela volta de Cristo, incluem adoração centralizada e contrária ao Deus da Bíblia, sinais para enganar, pactos entre dominadores, hierarquia entre dominadores. A adoração em Apocalipse mostra que não haverá possibilidade de se desconsiderar o poder estabelecido, ou seja, nenhuma divindade poderá estar acima dele, ou mesmo concorrer com ele, que é visto como sem rival pelos seus adoradores.

 

          Um poder que tenha atuado ocultamente desde a época de Paulo, exigindo exclusividade, tomando como seus os direitos e as prerrogativas do próprio Deus, e se desenvolvido ao longo da História ao ponto de cumprir o que está em Apocalipse e Daniel (que nos revelam os contextos da destruição dos que serão adorados por vontade e/ou exigência; que serão destruídos/anulados por ocasião da volta de Jesus; que nos mostram quem determinará um único caminho, que é errado mas parece certo por vir de um falso deus; que auxilia no entendimento da declaração de divindade, parecendo-se Deus, agindo como se fosse Ele, sendo visto como inigualável), ainda que não fique restrito à ação do poder papal / romano / católico, possivelmente o envolve. E considerando a relevância e alterações que esse poder produziu no decorrer da História, mantendo-se com autoridade e exigências, inclusive, considero que faz parte, possivelmente, da descrição de 2 Tessalonicenses 2.


Marcelo Ribeiro Martins Ramos

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